sábado, 15 de novembro de 2008

Vale tudo?

Sebastião Rodrigues Maia era o nome de batismo dado por Altivo Maia e Maria Imaculada ao décimo segundo filho do casal. O Brasil inteiro conheceria anos depois Sebastião por Tim, apenas Tim, enquanto o Maia teria a função de continuar puxando o forte sobrenome da família. Desde muito pequeno sempre ouvi meu pai, Antônio Paulo, cantando músicas do rei do soul brasileiro numa levada e num estilo muito parecidos com os do próprio. Admirava a capacidade musical de meu velho, que ainda me fez procurar saber quem era aquela pessoa de que ele tanto gostava de escutar. Cresci ouvindo sons e melodias de Tim. Tenho músicas decoradas, sei suas piadas e suas maneiras de cantar, mais não sabia bem a fundo sobre sua vida. Quando o jornalista e produtor musical Nelson Motta lançou a biografia de Tim -Vale Tudo-, logo me interessei pelo assunto e a comprei. Me impressionei muito com o estilo de vida adotado pelo personagem, totalmente desregrado e em muitas vezes até engraçado. Histórias hilariantes são narradas de forma brilhante, como o dia em que ele simplesmente fugiu do SPA em que ele próprio se internou e passou o dia quase inteiro em uma churrascaria. Ou então o dia em que recusou um convite para participar de um show dos Titãs dizendo a Branco Mello: “ Pô Branco, não vou aos meus shows, imagine nos seus...” Ainda temos a verdade sobre sua desilusão com a cultura racional, seus amores e desamores, sua prisão... Ele era totalmente polêmico e irreverente, nunca escondeu de ninguém seu vício pelas drogas e muito menos se preocupou em tentar parar de usá-las. Foi completamente brilhante em muitos discos, mas fracassou em outros por puro desleixo. Para nós, meros amantes da música e de Tim é muito engraçado ler suas falcatruas mil. Mas imagino que as tantas pessoas a quem ele prejudicou não gostariam de vê-lo nem pintado de ouro. Li um artigo de uma psicóloga falando sobre o filme “Cazuza - O tempo não para” e achei muito interessante. Ela diz em seu texto que temos de parar de cultuar pessoas que tiveram um comportamento imoral perante á sociedade, como se estes seres tivessem sido grandes exemplos de vida. Até concordo com ela em muitos sentidos, mas cabe a cada um de nós ter a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado. A sociedade é um conjunto de normas e padrões a serem cumpridos rigidamente para podermos agradar ao próximo. Mas pra quê? Pode ser assim que se enquadravam os pensamentos de Cazuza, de Raul, de Kurt e de Sebastião Maia... Para Tim valeu cada segundo de sua vida, podem ter certeza! Ele arcou com as conseqüências de suas atitudes. A nós, através de nossos valores (mescla de coisas aprendidas em nossa infância com nossos pais, parentes, amigos e depois complementadas a vida de cada um), resta a missão de definirmos nosso modo de vida, sem ter que se espelhar ou cultuar ninguém. O que é realmente certo? O que é errado? Cabe a cada um de nós saber julgar bem no nosso íntimo e definir se Vale Tudo, e assim cultuaremos de forma positiva ou negativa Tins, Bens e tais...

Marcos Paulo Moreno Felix - 13 de novembro de 2008

Nenhum comentário: