terça-feira, 24 de agosto de 2010

Racionais

O ano era 1994. Eu tinha apenas 15 anos, cursava a 8º série do então “ginásio” e ouvia freqüentemente como quase todos os jovens da época a rádio Jovem Pan de SP. A moda era música eletrônica.
Eu estudava a tarde e tinha um walk- man vermelho que adorava. Pegava minha mochila, o aparelho e partia para escola sempre sintonizado na Pan. Como conhecia a programação de frente para trás, uma coisa me despertou a atenção naquele momento em que eu atravessava a rua sem nem olhar pros lados direito. O som era estranho – pelo menos pra mim que nunca tinha ouvido aquele tipo de música - mas era bom. A letra era falada em versos rápidos e provocativos. As gírias eram totalmente inovadoras . Foi um baque muito forte, lembro disso muito bem...
Ouvir aquelas coisas ditas de uma maneira tão clara me despertou para uma situação que embora nunca vivenciada por mim e nem pelos meus próximos, me reconhecesse naquilo tudo. Questões de origens, de sociedade, de igualdade!
Os versos “Se eles me pegam meu filho fica sem ninguém, o que eles querem, mais pretinho na FEBÉM”, e “Os ricos fazem campanha contra as drogas, falam sobre o poder destrutivo delas. Por outro lado promovem e ganham muito dinheiro com o álcool que é vendido na favela” caíram como uma bomba em minha mente.
Rapidamente o fenômeno musical conhecido pelo nome de Racionais M’CS tomou conta da indústria fonográfica do Brasil. As principais rádios FM’S’ do país começaram a divulgar essa coisa meio estranha chamada Rap ( um fato histórico até o momento)... O conjunto vendeu quase 1 milhão de cópias de seus discos, o que fez com que as grandes gravadoras logo oferecessem propostas tentadoras para eles. Todas foram recusadas...
Tenho certeza de que muitas pessoas, independentemente de sua cor ou classe social sabem ou já ouviram falar sobre alguma letra de Mano Brown, Edy Rock, Ice Blue e KL Jay. Sempre intrigantes, os integrantes da banda quase nunca são vistos em programas de TV, comerciais ou revistas. São enigmáticos...
A mensagem contida em seus Raps traduz a verdadeira rua em forma de poesia. Legiões de pessoas tomam aquelas palavras como incentivo de vida e moral, em especial o povo pobre, das favelas deste grande Brasil.
Às vezes tenho comigo que os Racionais poderiam ter atingido ainda mais o topo do sucesso, mas não quiseram. Eles trazem consigo uma coisa chamado Idealismo.
Estou com Brown e companhia há 16 anos, aprendendo cada vez mais, observando melhor as coisas pelo outro lado da moeda.

Marcos Paulo Moreno Felix 24/08/2012

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ao som do Lulu

Voltei! Faz tempo né gente? Bom, na verdade eu precisava de um pouco de inspiração, uma dose de bom humor, um novo amor e outras bilongas...
Ultimamente tenho me dedicado muito pouco ao hábito de escrever (pelo menos textos), já que para música alguns versos me sacodem a cabeça constantemente! Ainda sonho que minhas canções um dia vão ser sucesso, mas isso é assunto pra outro dia.
No final de semana passado fui ao show de Lulu Santos, que, aliás, como não deveria deixar de ser, foi animação do começo ao fim. Lulu é considerado um hit-maker, ou seja, um colecionador de sucessos, um compositor de muitas canções que são marcadas por refrões que não saem de nossa cabeça por nada. Leva o público ao delírio com seu bom e velho Rock!
O show foi de Pré – Lançamento do Álbum Acústico MTV Lulu Santos 2. O repertório incluí apenas uma música inédita. As demais são clássicos mais do que conhecidos do artista, como por exemplo, “Assim caminha a humanidade, Aviso aos navegantes, Como uma onda –zen surfismo, Tudo bem”, etc.
Surpresa foram músicas consideradas lado B de Lulu que ganharam novos arranjos e foram retomadas, como “Minha vida, Brumário, Um pro outro e Adivinha o quê? “. Ainda sobrou tempo para a ótima “Vale de lágrimas”.
Saí extasiado da apresentação, assim como as outras pessoas que estavam comigo, incluindo A.N, moça que conta com grande admiração de minha pessoa e por quem tenho também grande carinho, apesar de nossas discussões sobre política (que faço mais para provocá-la)...
Para ela comecei alguns versos, coisas minhas... Tipo “Um certo alguém”...
Valeu pela retomada na inspiração moça, valeu Lulu!

Marcos Paulo Moreno Felix 10/08/2010