Nunca me achei bonito nem feio, não passo no máximo de um cara normal, na média comum. Mas aquele dia estava belíssimo. Vestia um terno preto, camisa cor-de-rosa, cinto caramelo e sapato marrom. Um frio na barriga, talvez de ansiedade, pode ser... Eu ouvia perfeitamente a platéia cantando todos os grandes sucessos dele, e a cada música que tocava mais nervoso eu ficava. No camarim em que eu estava tinha de tudo, parecia um paraíso. Na mesa várias frutas, pães , doces, bebidas e flores. Não consegui comer e nem beber nada, só andava de um lado para o outro pensando na canção que eu iria cantar. Peguei novamente meu violão e tornei a ensaiar a música. Errei-a de novo...
Quando não errava e letra me atrapalhavam os acordes... Fiquei com raiva! Como podia aquilo estar acontecendo logo naquele dia? Toco essa música há anos, e nunca errei!
Eu tinha a programação do show bem na minha frente, e faltava apenas mais uma música para ele me chamar. Olhei pro lado, corri pro espelho e dei uma ajeitada no cabelo black. Peguei o violão e o coloquei no ombro, estava pronto. Várias bebidas na mesa, e curiosamente eu escolhi o suco.
Bateram à porta pedindo pra eu sair, e assim fiz. Ouvi-o dizer que chamaria ao palco alguém especial, de quem ele era fã... Pensei em como aquele ser era carinhoso, pois acabara de me conhecer e já dizer assim que me admira... Me enchi de orgulho!
Ele finalmente me chamou ao palco. Entrei confiante, muitos aplausos, gritaria...
Parei em sua frente e quis falar algo, mas não consegui... Chorei sem parar e o abracei. Ele me enxugou as lágrimas, segurou meu rosto e me disse a sua velha frase: “Pô bicho, que prazer receber você aqui !” Eu falei em seguida: “Roberto, isso pra mim é um sonho! Sou seu fã, sempre ter adorei... Conheço muitas músicas suas!”
Ele sorriu com ternura, olhou para o público e disse com a voz de veludo: “Senhoras e senhores, eu tenho orgulho de apresentar... Negril!”, e saiu de cena.
A baqueta do baterista contou o tempo e a música começou. Cantei “Querem acabar comigo”, sucesso antigo da dupla Roberto e Erasmo dos tempos da Jovem-Guarda. Camila Pitanga estava em minha frente junto com a nata da Rede Globo. Ela estava fantástica, a mulher mais linda que já vi... Mas me concentrei ao dobro para não errar em nada. Fiz o primeiro número muito bem, e o segundo veio pra agitar a turma. Cantei “Não corra na subida”, som próprio meu em parceria com minha banda e caí nas graças da galera! Todos dançavam e cantavam o refrão final aos gritos “Você foi quem perdeu no final”... Roberto ria e me aplaudia. Caetano Veloso dançava e requebrava daquele jeito que só ele faz! Tudo estava bem demais, até que comecei a ouvir um barulho bem longe, que foi ficando cada vez mais alto e me incomodando. Senti algo tocar meu pé, dei um pulo e de repente descobri...
Era o despertador que estava tocando há uns 5 minutos e acordando minha casa inteira, menos a mim... Minha mãe me cutucava pelo pé para eu despertar.
No horário de Brasília 5 hs da manhã, terça feira, 7 de julho de 2009. Tempo feio em São Paulo, com chuva e frio. Pulei da cama, me troquei rapidamente, escovei os dentes e lavei a cara. Como de costume pedi a Deus sua proteção e saí de casa cantando feliz. Começou assim mais 1 dia na vida deste trabalhador brasileiro, com um sonho bom....
Marcos Paulo Moreno Felix
3 comentários:
Fala aí amigons, como vai vc e família ? Passei pra dar um alo e pedir para continuar postando regularmente, apesar de ser preguiçoso o Sr escreve bem pra chuchu. Abraços.
Fer, preciso mesmo curar minha preguicite velho! vou postar mais coisas, tô devendo...
Adorei!!!kkkkkk....
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